Deixa que me esqueça

Deixa-me pedir-te, coração, para não te voltares para trás.
Mafalda, meu sub ou meu consciente, vocês já sabem o que vai acontecer a seguir.
Não vás lá, não vás e resiste às palavras agora escritas por outrém que outrora foram tuas.
Só queria que parasses de falar disso, mudasses de assunto e deixasses o passado enterrado onde o deixei.
Ou então continua, mas eu prometo a mim mesma que não vou lá voltar. Porque não quero voltar a relembrar todas a lagrimas que derramei nem todas as palavras tuas que queimei.
Sabes, já pensei se isto é algum tipo de paga ou retorno pelo que fizeste. Mas não me lembro de te sentires mal por mim na altura. Já me conheces, sabes que não sou assim, mas não posso fazer nada, também sabes disso. Ninguém fez nada por mim aqueles tempos.
Eu deixei de acreditar em pagas e destino há muito. Ninguem merece um reembolso neste tipo de situações, muito menos tu depois de todos os sorrisos que me deste e talvez seja por isso que este processo de cura esteja a ser tão prolongado.
 Não devia ser assim, mas eu ainda deixo escapar tristezas ao olhar para trás. Sei que é um erro, um grande erro. Estar neste momento a escrever para ti é um erro, mas que mal me fará ?
Não tarda muito fico imune e deixo de sentir este tipo de coisas.
Ainda tenho o meu caderno guardado bem enterrado no fundo da minha gaveta. Com todos os pormenores desse passado retratados em papel branco e tinta preta por vezes esbatida de lágrimas nostálgicas. Ainda não tive coragem para o voltar a abrir.
Eu não vou lá voltar.
Deixa que me esqueça, sem a tua intervenção.