04/05/11

se não viveres por algo, morrerás por nada

Sou uma pessoa fácil, não preciso de grandes razões para ser feliz. E ao longo dos tempos tenho-me vindo a aperceber que isto da felicidade é um estado relativo, até acho isto um assunto demasiado gasto, tal como são todas as acções a ele associadas. Gasto, confuso, efémero e sem qualquer tipo de relação espaço/tempo, aos meus olhos.
Na verdade, bem, eu fico feliz com coisas simples e assim deveria ser o mundo, que de alguma maneira (de que nem se apercebe), aprisiona as suas almas, com a fome de liberdade e felicidade, coisas que já estão tão entranhadas e escondidas nos confins da vontade, que já andam de mãos dadas com a rotina que um dia será a história da vossa vida. Sim, poderão resumir a história da vossa vida num dia ao acaso, visto que são todos iguais e eu tenho a certeza que nunca ninguém se perguntou se era bem isto que desejavam fazer todos os dias. Estão a enganar quem um dia foram, quando tinham sonhos e esperavam uma vida recheada, quando o único medo que tinham, era dos monstros que desapareciam sempre que nos escondíamos debaixo dos lençóis. O tempo foi passando mas os monstros não desapareceram; nada surge nem nada acaba, apenas se transforma ou muda de lugar. E agora todos os monstros que viam à noite, estão agora dentro de vós, agora sois vós os monstros que tapam os sentidos à vossa ainda presente alma sonhadora que permanece na esperança de se libertar e soltar gritos cheios e fortes de loucura e insanidade acumulados durante tanto tempo.
São esses os estados a que chegamos. Em cativeiro ficamos tristes, arrependidos, loucos e, mais tarde, fazemos de conta que somos pessoas normais, com uma vida normal, sem qualquer tipo de rumo ou ambição. E o difícil é recuar no tempo, começar de novo, viver a sério.
Eu imagino como deve ser difícil ser diferente, renegar à rotina e ao modo de vida imposto pelo mundo do qual (e não há mesmo volta a dar), pertencemos. É assim o modelo estereotipado que nos é atribuído e ao qual seria uma afronta nos desviarmos do que é considerado normal. Mas imagino que deve ser bem mais difícil acordar todos os dias sem poder fazer planos, ter que agir tal como no dia anterior, até ficarmos completamente viciados no nosso modo de vida e sermos pouco mais que acções frias e mecânicas.
A alma está congelada e o batimento cardíaco é tão monótono como o tempo em que se encontra.
Mas até isso se pode mudar. Até o coração se pode tornar uma explosão de emoções, no dia em que te fartares e acordares o teu espírito, mostrares-lhe como o mundo é fantástico e como é teu, como é vulnerável quanto à tua vontade.
Não deixes escapar esta oportunidade que é a única que tens de viver, conhecer o Mundo e tudo o que te oferece. Sente como é teu, como está aqui para ti.
Não queres deixar passar a oportunidade de sentir a liberdade de pássaros que ao teu suspiro se levantam do chão à velocidade da vontade de se libertarem do mundo regular, ou em como a música se funde com os teus pés e te percorre o corpo até seres tu a lógica da arte. Sei que queres perceber o porquê do céu laranja ao final da tarde ou como esquenta o sol do meio-dia à beira mar. Não seria bom conseguires reunir felicidade suficiente para sorrires de maneira pura, simples e com sentido que sorrias nos que chamas os melhores anos da tua vida? Ou poderes sentir o sabor agridoce das lágrimas que te molharam a almofada e desapareciam quando o sol nascia e a vida era simples?
O tempo aprisiona-te por vezes, portanto faz o melhor que consegues e não perguntes porquê. Até porque nem é uma questão, mas sim uma lição do próprio tempo.
O que vale a pena, vale a pena independentemente de tudo.
Tens a voz e o poder de tornar cada respirar teu em algo que te poderás lembrar, recordar mas com saudade, provar que tudo valeu a pena.
Se não viveres por algo, morrerás por nada. Ainda tens tempo de te redimires, quebrar a rotina, sufocar o monstro em que te tornaste, desviares-te dos modelos de miséria no que toca a corações preenchidos e respirares o som da tua alma finalmente livre.
Fecha os olhos.
Podes agora voltar à tua vida habitual ou fazer do resto do dia que te sobra, o primeiro dos que poderás guardar com distinção.
E eu espero que tenhas o momento da tua vida.


e isto valeu-me o 2º lugar na categoria de texto livre do concurso literário do colégio.

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