08/10/11

já viste se um dia, sei lá, por ventura tu de facto vens a correr pelo meio do nevoeiro rasteiro e tropeças na armagura do que nesse tempo será o meu passado?  demasiado tarde? talvez até seja culpa minha. que por essa altura já os meus sonhos sejam doces e tu virás, azedo e inconstante trazer de volta a culpa. ou a passividade, a calma, a paciência... aliás, demasiada cegueira. voluntária, é claro. frutos estragados e já pisados demais por todos aqueles a que a isso se voluntariam. não há nada mais propositado e no entanto tão alheio à consciência. há-de chegar, pensava eu. oferecer tempo a si próprio é a coisa mais inútil de sempre. quero dizer, porque é que alguém haveria de querer um pedaço de si mesmo? as coisas quando são demasiado ditas perdem o sentido, por isso é que dizem coisas estúpidas, sem saber o que isso implica. e eu, sendo uma pinga de urina da sociedade, e tu o rolo de papel que acaba antes do tempo, não tenho nada a fazer a não ser reproduzir o que tenho vindo a reter do povo. depois as coisas acontecem, como se um ser poderoso tivesse respondido às minhas preces, apenas as que ouve, não as que eu continuo a enfiar cá para dentro todas as noites.

Sem comentários:

Enviar um comentário