31 dias

lembras-te?
lembras-te do calor, do mar, das gargalhadas ... ?

de acordarmos de madrugada sem fazer barulho e irmos a correr para a praia, para sentir ainda a água gelada e ver os nadadores salvadores chegar, de adormecermos ao sol até eles nos acordarem, de descermos aquele monte de pedras nas pranchas, de deixarmos todos a olhar para nós enquanto subíamos aquilo a correr enquanto todos bufavam e transpiravam? lembras-te da rotina do jogo de copas sempre depois do almoço, sentadas no chão á sombra dos pinheiros, do gelado à beira da piscina enquanto ouvíamos o relato do futebol, do protector solar peganhento antes de voltarmos à praia ? lembras-te do meu medo de mergulhar que nunca mais voltou depois daquela onda, das corridas contra os nadadores salvadores até ao mar, das algas no cabelo, do banho na lata amarela ? lembras-te dos finais de tarde, do céu alaranjado, dos cabelos emaranhados e a areia colada ao corpo ? lembras-te dos banhos de água gelada em troca de tempo para jantar, das filas do restaurante, dos hamburgueres na varanda do bar, dos jantares a correr para nos voltarmos a encontrar ?  lembras-te das noites quentes que passávamos todos sentados em roda a comer gelados ou farturas enquanto víamos filmes no ecrã gigante ou assistíamos aos concursos de karaoke ? lembras-te de quando todos subimos ao palco e cantamos com a maior desafinação que conseguíamos, todos abraçados enquanto saltavamos e riamos ao ritmo da música com que ninguém concordava " as saudades que eu já tinha da minha alegre casinha tão modesta quanto eu " ?  lembras-te de quando nos escapávamos  para irmos dar um gole do moscatel do teu pai, de quando adormecíamos a ouvir os barulhos vindos da praia e acordávamos quando todos voltavam para cima aos gritos e gargalhadas com o nível de álcool no seu máximo ?
lembras-te do  andré que fazia os morangos com açúcar e naquele verão ia e vinha todos os dias da gravação da outra novela, de nos sentarmos com ele e os seus supostos menagers na penúltima noite, na tua festa ?  lembras-te da ultima noite, do autógrafo na testa que prometemos nunca mais lavar, não sabíamos que te íamos voltar a encontrar no ano seguinte, que ainda íamos fazer muitas corridas e muitas lutas com as vossas pranchas, que vos iamos dar ordens para hastear a bandeira, que iamos tirar uma foto toda gira e guardá-la bem guardada (na parede do nosso quarto).
e nunca, nunca mais vou esquecer o dia da despedida, lembro-me exactamente de todas as palavras que disseram antes de ir, lembro-me do local, das pessoas que passaram, da roupa que vocês tinham, lembro-me das lágrimas que me escorreram pela cara com a dúvida se algum dia mais nos voltariamos ver, a todos vocês!  se algum dia mais tarde se continuariam a lembrar daquele verão, se alguma das nossas vidas mudaria e nunca mais se cruzasse.  ninguém sabia, ninguém podia saber, apenas nenhum de nós queria regressar a casa e deixasse a nossa maneira humana apagar todas as memórias à medida que os invernos passassem, queriamos ficar ali sempre, quer chovesse ou fizesse sol, era ali, naquele lugar onde gente de todos os lugares se juntava e partilhava a sua vida, tornando-nos todos uma familia, não de sangue, mas de coração.
e é por isto, por isto tudo que eu quero voltar, porque apesar de não ter resistido e tenha visitado parte de vocês na primavera, é agora que quero voltar! é agora que eu acredito que vai ser o melhor verão.  porque a saudade não se mata com chamadas ou sms. é agora que eu quero que chegue a agosto o mais depressa possivel, para vos encontrar e reviver tudo de novo.