Na quarta-feira passada, um dia chuvoso e cinzento, num dos meus habituais percursos para a minha aula de piano, enquanto a chuva me caía na cara e quase destruía o meu guarda-chuva, eu farta, fechei-o, bofei e olhei para a frente, para o horizonte, onde um raio de sol saía por entre as nuvens. lá ao fundo, lá no mar, a agua brilhava como se nunca tivesse brilhado, como se aquele raio de sol fosse uma espécie de salvação . E no meio da chuva, lá no fundo onde o sol brilhava, eu via tudo , via o verão, via a areia, a agua fresca, as noites quentes, os amigos que há muito não via, aquela felicidade imensa que naquele segundo saiu de mim em forma de uma lágrima. Sim, ali estava eu a chorar no meio do passeio enquanto olhava para oeste. Sinto tanta saudade, de tudo, tudo o que era verão, saudade daqueles amigos que têm um sabor especial, por só os ver na melhor altura do ano. E que na verdade não sei se algum dia irei ver, foram amigos com os quais partilhei alguns dos melhores dias da minha vida, talvez nunca mais os verei, talvez já nem se lembrem de mim . Mas agora eu, ali no meio da chuva, pensava neles com felicidade, com saudade. E com a ultima gota de agua do mar que saía pelo meu olho e se confundia com a chuva .
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